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O Papa não é pop - É 'papo reto'
A mídia e a militância de plantão estão tentando enquadrá-lo em algum modelo que lhes favoreça, mas até agora ele tem sido sábio o suficiente, para cumprir somente o que determina a sua missão.
Publicado em 18/05/2025 13:22 • Atualizado 18/05/2025 20:37
Comportamento

Por Robson do Val

Desde que o americano Robert Prevost assumiu o pontificado, no último dia 08 de maio, que se observa uma disputa ideológica, principalmente na chamada grande mídia, para classificá-lo em um dos dois espectros da polarização que tomou conta do mundo na atualidade. 

Os progressistas gritam de um lado:

- Vai ser uma continuidade do pontificado de Francisco! Vai sair em defesa aberta da comunidade LGBTQIA+! Vai ser um Papa de esquerda!

Os conservadores, por sua vez, rebatem do outro lado:

- Ele é filiado ao Partido Republicano nos EUA! Ele vai retomar o rumo da tradição perdida pela Igreja Católica!

Alheio aos ruidos das caravanas insanas, que bradam no mundo pagão e profano, Leão XIV inaugura o seu pontificado com imensa discrição. 

Nos poucos pronunciamentos públicos que fez depois que assumiu o cargo, não deixou solta palavra alguma que pudesse engendrar polêmica para alimentar as fogueiras dos radicais.

A própria eleição de Prevost para a sucessão do apóstolo Pedro, foi um tapa na cara dos especuladores, apostadores, pseudo-influenciadores e todos os oportunistas de plantão, pois o nome dele não estava em nenhuma dessas listas apócrifas e ridículas, que eles chamavam de "listas de favoritos".

Não adiantou fazer filminho caricato no cinema (Conclave), para tentar induzir os Cardeais, querendo criar uma espécie de onda de pressão social, baseada na subcultura hegemônica, midiática e manipuladora, nem fazer centenas de reportagens tentando condenar previamente aquele que assumisse o cargo e que, proventura, não bancasse as pautas moderninhas que eles defendem com unhas e dentes (sabe Deus por que tipo de desvio cognitivo e moral). 

A escolha do enigmático Prevost, nos tranquliza com a certeza de que existe algo mais do que pressão e interesse político por trás das escolhas dos Papas. 

Garimpando nos poucos sinais que Leão XIV nos deu até agora sobre seus posicionamentos, no entanto, é possivel fazer algumas avaliações sobre a direção que irá escolher em seu pontificado. 

A escolha do nome Leão, por exemplo, nos remete diretamente ao último grande Papa do século XIX, Leão XIII, autor da Rerum Novarum, uma encíclica em que, ao mesmo tempo em que ele condena a injustiça social e a exploração dos trabalhadores, condena também os regimes comunistas e totalitários, que se apresentam como solução para esse problema. 

Resumindo, Leão XIII deixou claro na sua encíclica, que a justiça social, de acordo, aliás, com o que defende a Igreja, terá que vir da caridade e da transformação dos seres humanos em criaturas melhores, e não de um grupelho de oportunistas, que se arvora a assumir o poder, para supostamente "distribuir" melhor as riquezas alheias.

Outro aspecto que devemos considerar, é o da formação religiosa de Prevost. Os agostinianos são estudiosos profundos dos fundamentos filosóficos da fé, amparados, sobretudo, nas doutrinas de São Tomás de Aquino e de Santo Agostinho. 

São Tomás, por sua vez, baseia grande parte das suas conclusões nas teorias da lógica de Aristóteles, ou seja: o que é, é por si mesmo e sem precisar fazer força, e o que não é pra ser, nunca será. 

Traduzindo para as questões atuais, isso é o mesmo que afirmar que, se você acha que é ou "se sente" um cachorro, ou outro bicho exótico qualquer, isso não fará de você um cão ou uma gazela, mas apenas mais um ser em estado de delírio. 

Portanto, se você alimenta com leite de verdade o seu bebê reborn, ou se compraz em trocar as fraldas dele, trate de não querer incluir ninguém mais no seu hospício particular, que não vai contar com a benção do Papa. 

Talvez por conta dessa base de formação, ele tenha declarado sem rodeios em um dos seus primeiros pronunciamentos como Papa, que o homem e a mulher são a base fundamental da família, e que o aborto é uma prática criminosa. E - pasmem - tem gente que já começou a não gostar dele por conta disso. Quase todos  fazem parte daquela turminha, que acha que gente nasce em pé de árvore.

No mais, ele defendeu a paz, o respeito (e não adoção) à diversidade, a união entre os cristão das diversas vertentes em torno da mensagem de Cristo, e outras práticas que só quem não entende uma linha do evangelho poderia condenar. 

Nosso Leão XIV parece aquele tipo de homem que vai deixar a torcida fanática confusa, mordendo os próprios calcanhares em busca de motivos para polêmicas, bandeiras e discórdias, sem encontrar nas sábias e sempre bem estudadas palavras do pontífice, o combustível para as suas engrenagens maléficas. 

Parodiando o poeta Agenor Araújo, o nosso Cazuza, que nos últimos e difíceis dias de sua vida breve converteu-se ao cristianismo e virou até devoto de Santa Rita de Cássia - como comprova a imagem da santa que está no museu em sua homenagem, em Vassouras (RJ) - poderíamos afirmar desde já que: dia sim, dia também, Leão XIV vai sobrevivendo sem um arranhão, da caridade de quem o detesta. 

In illo uno unum

 

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